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quarta-feira, 24 de abril de 2019

TÔMBWA PODE VOLTAR A SER O MAIOR CENTRO PESQUEIRO DE ANGOLA


Tômbwa já foi o maior centro pesqueiro de Angola, então como Porto Alexandre, no sul do país, com dezenas de indústrias, mas o declínio das últimas décadas no Tômbwa tenta hoje ser, lentamente, revertido.



Com mais de 54.876 habitantes, no município do litoral mais a sul em Angola, na província do Namibe, não há família que não viva da pesca, até porque outras indústrias praticamente não existem.
No tempo colonial português, e então fundado por pescadores oriundos do Algarve, Porto Alexandre, a designação abandonada em 1975 e que sucedeu à secular Angra das Aldeias, foi o principal centro pesqueiro angolano - e um dos maiores em África -, com indústrias que ainda hoje, em ruínas, polvilham ao centro da cidade, junto à baía e aos barcos ancorados no seu interior.

Há pouco menos de um século, de Porto Alexandre partia peixe salgado para vários pontos do continente africano. A guerra civil que se seguiu à independência afundou o setor e muitos pescadores, de origem portuguesa, partiram em 1976, a bordo dos próprios barcos, rumo ao Brasil e a Portugal.

"No passado, até aos anos 80, o município do Tômbwa estava no auge no setor das pescas, depois declinou um bocado", a informanção foi avançada pela, Luzia Benvinda Mateus, administradora municipal adjunta.

 O município nos dias de hoje ganhou muitas empresas que setão em funcionamento, de congelação, processamento de pescado, conservas, salineiras e de produção de farinha e de óleo de peixe.


"Dos 54.000 habitantes, a maior parte das pessoas dedicam-se à pesca. Uma boa parte trabalha nestas indústrias", explica Benvinda Mateus, acrescentando que a maior empresa pesqueira é a Nova Vida, que empregou a mais de 500 pessoas do Tômbwa.


Verónica Sango e Melária Canuela têm ambas 22 anos e são processadoras de peixe há pouco mais de um ano na fábrica da Nova Vida, que por si só também tem três embarcações de pesca industrial.
Dependendo da faina do dia, podem chegar a processar, congelando e distribuindo em caixas, 250 toneladas de peixe, num trabalho que começa às 07:30 e que pode acabar já depois das 17:00.
"Depende muito, porque por vezes o barco traz poucas toneladas. Mas gosto do trabalho que faço e tenho muito orgulho nele", afirma Verónica.

Pelas mãos destas duas mulheres, entre centenas de outras, passa o carapau e a sardinha do Tômbwa que depois segue para todo o país e para o estrangeiro, em caixas de 25 a 45 quilogramas.
"Graças a Deus temos muita clientela, principalmente a sardinha, que é a mais procurada", aponta Melária.

"A maior dificuldade é mesmo quando não temos peixe", remata.
A administração municipal admite que mais podia ser feito relativamente às indústrias pesqueiras que se encontram paralisadas, mas aponta os entraves.

"Temos conservado e notificado os proprietários, para fazerem alguma coisa, mas sem êxito. Até mesmo com parcerias. Mas não estão nem aí, não fazem nem deixam outras pessoas interessadas fazer", lamenta Benvinda Mateus.

Ainda assim adianta que "outros investimentos" e indústrias estão em fase de instalação no município, para ajudar a recuperar a glória pesqueira do passado.

terça-feira, 23 de abril de 2019

EXECUTIVO ESCLARECE SELECÇÃO DE MUNICÍPIOS PARA AUTARQUIAS

"O Executivo não seleccionou qualquer município para o processo de institucionalização das autarquias", esclareceu o governante.
O ministro falava durante a 6ª Reunião Plenária da Assembleia Nacional que aprovou, na generalidade, a Proposta de Lei sobre a Institucionalização das Autarquias Locais, com 151 votos a favor (MPLA, UNITA e FNLA), seis contra (parte da CASA-CE) e igual número de abstenções (parte da CASA-CE e PRS).
MINISTRO DA ADMINISTRAÇÃO DO TERRITÓRIO
 E REFORMA DO ESTADO
ADÃO DE ALMEIDA (ARQUIVO)
Na sua declaração de voto, Adalberto da Costa Júnior, disse que  o voto favorável da UNITA sobre esse diploma legal representa uma abertura para o diálogo, na especialidade, mas mantêm a sua posição contra o gradualismo.
O artigo 4º da Proposta de Lei em apreço estabelece que compete à Assembleia Nacional criar as autarquias mediante leis, cabendo-lhe também aprovar as listas dos municípios para experiência inicial, de acordo com os critérios definidos.

Segundo Adão de Almeida, "não encontra amparo nem na proposta de Lei nem na vontade do Executivo a ideia segundo a qual o processo está a ser preparado para que, na primeira experiência, sejam seleccionados municípios mais desenvolvidos".
Durante o debate parlamentar relativo ao pacote autárquico, foram notórias as divergências entre o MPLA e a oposição em relação à questão do gradualismo.
Os deputados da oposição entendem que o gradualismo geográfico defendido pelo MPLA (partido no poder) traz assimetrias e desigualdades.
O Executivo propôs que o processo de implantação das autarquias esteja concluído num período não superior a dez anos.
O ministro da Administração do Território e Reforma do Estado reiterou que os municípios que não forem seleccionados para a experiência inicial não ficam esquecidos nem os cidadãos nele residentes ficam abandonados.
"Pelo contrário, define-se que, nesses municípios, se promova a criação de condições (infra-estruturas e serviços) para assegurar o desenvolvimento harmonioso do território nacional e prepará-los para a sua autonomia", observou.
Na sua óptica, reduzir este processo complexo a um acto eleitoral "é, no mínimo, um simplismo perigoso". "Não se mudam 44 anos de cultura administrativa da noite para o dia".
Adão de Almeida fez saber que dos cerca de 400 mil funcionários da Administração Pública, 85 por cento estão na administração local, referindo que esses precisarão de ser reconvertidos e formados para a nova realidade, o que implica um certo tempo.
Taxas das Autarquias e da Lei da Tutela Administrativa
Na sessão desta segunda-feira, os deputados aprovaram, por unanimidade, as propostas de Lei do Regime Financeiro das Autarquias Locais e das Taxas das Autarquias locais, de iniciativa do Executivo.
A secretária de Estado para o Orçamento e Investimento Público, Aia Eza da Silva, esclareceu que a proposta de Lei sobre o Regime Geral das Taxas das Autarquias Locais visa demarcar os princípios que nortearão os autarcas no estabelecimento de taxas.
Segundo a responsável, se não houver este regime, cada autarca poder ficar livre de taxar o que ele bem entender.
O Parlamento aprovou, também, na generalidade, a Proposta de Lei da Tutela Administrativa sobre as Autarquias Locais, com 162 votos a favor (MPLA, UNITA e FNLA), seis contra (CASA-CE) e duas abstenções (PRS).
A referida Proposta de Lei, também de iniciativa do Executivo, visa definir o quadro normativo da tutela administrativa sobre as Autarquias Locais, permitindo ao Estado exercer o poder de controlo, de fiscalização, de inquirição e sancionatório sobre as autarquias.
Os documentos em apreço serão analisados na especialidade e só depois desse processo seguem para a votação final global.

FAMILÍA UNIDA, SOCIEDADE PROTEGIDA


ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL DO TÔMBWA  PROMOVE CAMPANHA DE SENSIBLIZALÇÃO PORTA A PORTA

Administradora Adjunta do Tômbwa
Benvinda da Graça Mateus

A Administração Municipal do Tômbwa desenvolveu, nesta terça-feira, 23.04.2019, no bairro Mundo Novo a segunda fase da campanha de sensibilização porta a porta no âmbito do programa "Família Unida, Sociedade Protegida".


Durante a campanha foram distribuídos folhetos informativos às distintas famílias, com conteúdos sobre educação familiar, importância da família, combate à violência doméstica, preservação dos bens públicos, saneamento básico e amor ao próximo.


O mesmo programa será estendido aos diferentes bairros do Município, assim como aos locais de maior concentração populacional e, vai contar com várias brigadas em parceria com as comissões de Moradores.

quinta-feira, 18 de abril de 2019

NÃO VISITO ANGOLA PARA FALAR DO 27 DE MAIO

A ministra da Justiça de Portugal, Francisca Van-Dúnem, chega hoje a Angola para reforçar a cooperação no domínio judicial. Ao Jornal de Angola, a angolana, que deixou o país depois da independência, fala do 27 de Maio de 1977 e da perda de seus ente-queridos: “Tenho esperança de que seja possível devolver algumas pessoas a dignidade que merecem na História de Angola”
Como chega a ministra da Justiça em Portugal?

O senhor Primeiro-Ministro, António Costa, decidiu convidar-me porque conhece o meu percurso profissional, porque tive a oportunidade de trabalhar com ele em várias ocasiões. Recordo-me da questão do Bairro Alto, em Lisboa, que era muito complexa e que era preciso a integração de múltiplas valências, para que se pudesse tornar num espaço habitável e aprazível. Foi preciso equilibrar os vários interesses que estavam ali presentes, os interesses dos moradores, por um lado, e dos proprietários das casas, por outro, e depois as questões de segurança que estavam associadas a isso, problemas do tráfico, do vandalismo, porque na altura havia o processo de reabilitação, num dia reabilitava-se um prédio e no dia seguinte aparecia grafitado, e na altura presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, juntou à sua volta um conjunto de pessoas de várias áreas que podiam ter competências específicas nas matérias aí envolvidas. A minha tinha a ver com o Ministério Público (MP) e com a resposta a dar aos problemas dos grafites naquela zona. Portanto, trabalhei com ele nessa ocasião e havia uma relação de respeito mútuo que o levou a apoiar a carreira que fiz, que levou a convidar-me a ser ministra. Não se esqueça que fui magistrada do MP durante muitos anos, estive como assessora de um procurador-geral da República durante anos, que foi a pessoa que fez o desenho actual do MP e, depois, dirigiu o maior Departamento de Investigação e Acção Penal português, o DIAP de Lisboa. Organizei o DIAP de Lisboa. Na sequência desta organização, fui nomeada para dirigir o maior distrito judicial - o de Lisboa. Portanto, diria que tenho um currículo suficiente para ser convidada a ser ministra da Justiça.

A senhora ministra admite que haja focos de racismo encapotado em Portugal?

Há. Não só encapotado como declarado. Não tenho a pretensão de que a minha nomeação pelo Dr. António Costa significa que não haja fenómeno de racismo na sociedade portuguesa tal como existe noutras. Sempre afirmei que este é, de facto, um problema do presente e do futuro, com determinação.
Em Angola, sabe que se comenta o facto de a primeira ministra negra em Portugal ser logo uma Van-Dúnem?

Ai é?! Uma Van-Dúnem por várias razões, porque de alguma forma, como sabe, a minha família em Angola teve uma situação que se pode dizer privilegiada, que permitiu que os meus pais me pusessem a estudar e incutisse um conjunto de princípios que hoje integram a minha personalidade e que acho que são relevantes quando se pretende escolher alguém para o exercício de um cargo político: a probidade e a integridade. São princípios que aprendi em casa e pratiquei, e que são reconhecidos pelas pessoas que me rodeiam. Portanto, é verdade que de facto tive mais possibilidades que muitos angolanos. Depois, em Portugal, tenho uma carreira na magistratura, mas que foi sempre de uma dimensão pública, porque sempre tive o cuidado de ser transparente, explicar o que fazia e, sobretudo, em falar em público com alguma reserva sobre o que entendia serem os problemas da Justiça. Sempre falei da Justiça e sempre fui chamada a falar da Justiça. Então, por que não eu ser ministra da Justiça?
Certamente que sabe que a sua família é das mais influentes e poderosas de Angola

E acha que estes tentáculos chegariam a Portugal…?
Pois, a pergunta que espanta é exactamente essa. Será que os tentáculos já chegaram a Portugal?

Se assim fosse, provavelmente não viveria em Portugal. Viveria em Angola. Não acha (risos)?
Um à parte: nas conversas com os seus falecidos pai e tio e com a sua mãe, em algum momento se falou que o ex-Presidente José Eduardo dos Santos também é um Van-Dúnem, como se comenta em Angola?

Confesso que não. Devo dizer que tenho dificuldades em perceber o alcance da sua pergunta. O que devo dizer é, seguramente, que, se acompanhou a vida dos meus pais, sabe que muito cedo o meu pai teve um AVC e foi morrendo de tristeza, como costumo dizer. A minha mãe não é Van-Dúnem. E este não é um tipo de conversa que normalmente tivéssemos em família sobre quem é quem. Não é de facto este tipo de conversa. Mas se as pessoas dissessem que eram da família, a primeira coisa seria identificar através de antepassados. Mas não havia este tipo de conversa. Essa indicação foi aparecendo posteriormente de outros familiares que faziam referências de que o pai de José Eduardo dos Santos teria dito, em determinado momento, que se tinha apresentado como sendo parte da família, o que significa que o filho também era. Mas não tiro daí nenhuma consequência familiar.
Sabemos que, tal como outras famílias angolanas, carrega a dor da perda de um irmão e de uma cunhada no 27 de Maio de 1977 e de ainda ter criado um sobrinho filho deles. Passados estes anos, a dor permanece?

Queria fazer uma nota prévia antes de responder: Não vou a Angola tratar obviamente desta matéria. Haverá, no futuro seguramente, oportunidade de o fazer. Agora, quanto à questão da perda - não sei se já perdeu um irmão - é única e irreversível. O que podemos fazer é conviver com ela de forma diferente, porque o ser humano tem essa capacidade. Foram perdas de vidas, sobretudo, de pessoas muito jovens, e acho que o João (Van-Dúnem) era uma pessoa notável. Muita gente acomodou-se à sua própria condição/situação. Ele podia tê-lo feito, para ser aquilo que, na altura, chamávamos de “alienados”. Não foi isso que ele fez. Ele escolheu, muito novo, lutar pela independência do país e, obviamente, o sentimento de perda nesta dimensão é para mim ainda maior.
Como vê o anúncio recente do Governo angolano de que vai haver um processo de reparação das vítimas da repressão política?”

O que digo é que todos os processos que tenham por objectivo reduzir a soma de dor, de incompreensão e o sentimento de exclusão que existe relativamente a quaisquer grupos sociais, sobretudo, em virtude de acontecimentos traumáticos, é importante. Os processos de reconciliação são importantes nas Nações saídas de guerra, até porque é preciso que haja uma maior inclusão também neste domínio, das feridas que foram abertas por razões que tenham que ver com as escolhas políticas. Costumo dizer que tive um enorme privilégio de ter assistido ao nascimento de um país, ter acompanhado o processo que conduziu à Independência do país. Isto é das coisas que me enche de orgulho. Agora, também devo dizer que considero que o mais importante agora é que sejamos capazes, que Angola seja capaz de encontrar os meios, métodos e caminhos, formas de abordagem das pessoas que as possam conduzir à reconciliação. Não devemos é ter uma sociedade dividida em função de factores deste tipo.
Acha que este anúncio do Governo angolano pode ser a catarse destes acontecimentos traumáticos?

O anúncio é, necessariamente, virtuoso, é sempre bem-vindo. Não conheço os desenvolvimentos, o método que se pretende seguir nesta abordagem de reconciliação. É um princípio mais do que correcto e justo. Vamos ver como é que as coisas evoluem. Tenho esperança de que seja possível devolver a algumas pessoas a dignidade que merecem na História de Angola.
Como angolana, que também é, qual é a leitura que faz do actual momento que o país vive?

Vou a Angola como ministra da Justiça de Portugal. Sou angolana e faço, também, a minha observação pessoal, aquilo que posso dizer é que tudo o que pretendo é que Angola, nesta nova etapa que está a construir, consiga efectivamente concretizar aquilo que foram os valores, princípios e as razões profundas que levaram à luta pela independência e que custaram tantas vidas. É importante que os angolanos sejam capazes de unir as mãos, de reduzir a soma das suas incompreensões e encontrar formas que lhes permitam romper com um passado de menor inclusão, de grande diferença a nível social e que, de facto, se venha a tornar numa sociedade feliz com pessoas realizadas, sentindo-se incluídas, envolvidas com o Estado de Direito a funcionar em pleno. É esse, de facto, o meu grande desiderato.
A cooperação registou um irritante, com acusação de que Portugal não estaria a respeitar um acordo assinado no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) no domínio judicial. Acha normal que os países rubriquem acordos e, depois, não os respeitem? 

Isso não é normal. Mas o que posso dizer é que não foi isso que aconteceu. Temos de separar a dimensão política da judiciária. Celebramos acordos e, obviamente, os acordos são instrumentos políticos que funcionam como lei interna. Temos uma separação muito clara entre o poder judicial e o Executivo. Os poderes executivos e legislativos têm a capacidade para celebrar acordos e, depois, acontece a aplicação no poder judiciário. E neste caso, o judiciário tem que ver com o momento em que toma as suas decisões, e permitiu que o processo fosse transferido para Angola. Mas gostaria de deixar claro que a independência do poder judicial é um valor adquirido e a autonomia do MP é também um valor adquirido. Portanto, a autoridade central relativamente à cooperação judiciária em matéria penal no quadro dos acordos de cooperação judiciária e jurídica com Angola é a PGR. A PGR e o MP fizeram uma avaliação, do seu ponto de vista, correcta da possibilidade de transferência do processo. Houve recurso das decisões. O que posso dizer é que as instituições funcionaram.
Esta sua visita a Angola vai dar outra dimensão à cooperação bilateral no aspecto judicial?

Espero que sim. Sempre tivemos uma cooperação, independentemente da existência ou não de protocolos, muito próxima em matéria do judiciário, quer a nível das procuradorias-gerais quer a nível das escolas de formação, sempre houve uma cooperação que nunca parou. Penso que, neste momento, é necessário dar um novo impulso, tal como tivemos de dar aqui em Portugal. Sabe que houve nos últimos anos limitações nas perspectivas financeiras que condicionaram a capacidade em termos de cooperação. De qualquer das formas, a minha visita tem por objectivo essencial melhorar a cooperação em vários segmentos. Por um lado, os Registos e Notariados, que Angola entende que precisa de uma “segunda vida”, que tem a ver com as questões de tecnologia, circuitos internos ligados a esses serviços, redes, sistemas de tramitação electrónica… Em Portugal, na Justiça, as conservatórias registaram um grande avanço a nível do digital e da aglutinação de serviços. Temos um portal onde, de forma electrónica, é possível obter cerca de 90 serviços, mas temos também modelos que vão ao encontro daquilo que são as necessidades dos cidadãos, e não ficar à espera que o cidadão venha pedir. E o que vamos fazer é partilhar isso com Angola.
E a investigação criminal?

Temos um protocolo no domínio bilateral e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Como sabe, não há coincidência integral entre as competências dos ministérios da Justiça dos dois países. Há competências que, em Portugal, são do Ministério da Justiça e, em Angola, são do Ministério do Interior, sobretudo no que diz respeito, por exemplo, à Polícia Judiciária, Serviços Prisionais ou até da Medicina Legal e Ciências Forenses. Mas a Polícia Judiciária de Portugal sempre trabalhou com as suas congéneres angolanas sobre a investigação criminal, e vamos prosseguir com esta co-operação bilateral. Tenho agendada uma reunião com o ministro do Interior de Angola durante a minha visita, para saber como estão a funcionar as coisas em termos dos acordos que temos assinados. Já temos um protocolo e vamos apenas fazer o balanço da sua implementação.
O facto de algumas fortunas angolanas estarem domiciliadas em Portugal, numa altura em que em Angola há um combate à corrupção e o processo de repatriamento coercivo de capitais e activos, pode ser um obstáculo na cooperação? Portugal já manifestou a disponibilidade em colaborar com Angola na recuperação destes activos.

Como sabe, quer o Acordo de Cooperação Jurídica e Judiciária entre Portugal e Angola, quer a Convenção de Auxílio Judiciário Mútuo no quadro da CPLP prevêem a possibilidade de qualquer dos Estados contratantes, tendo um processo-crime a decorrer em que surjam ou se coloque a questão da ocultação de bens provenientes do crime, pode requerer à outra parte, se tiver dúvida, se os bens provenientes do crime estiverem noutro Estado, não só a apreensão destes bens como as medidas de conservação dos mesmos que permitam que os bens possam, obviamente depois de decretada uma sentença, retornar ao país e ser declarada a perda a favor do Estado ou, no caso de privados, que possam ser entregues ao Estado. Estas situações têm cobertura nos instrumentos que temos em matéria de cooperação judiciária e penal.
“Em Portugal, não há pressão política que influencie decisões judiciais”
Como vê a apresentação pelo antigo embaixador angolano Adriano Parreira, na PGR portuguesa, de uma queixa-crime sobre uma alegada conspurcação entre a Justiça dos dois países?

Não conheço a queixa. Não tenho conhecimento do conteúdo dessa queixa-crime. O que posso dizer é que a Justiça portuguesa não está conspurcada nem o judiciário angolano.
A ideia era de que havia um conluio ou pressão política que influenciavam decisões judiciárias tomadas aqui em Portugal.

Não, em Portugal não há pressão política que influencie decisões judiciais. É o que posso dizer.
Não aconteceu com o caso do engenheiro Manuel Vicente?

Não. Aliás, nesse caso, houve decisões diferentes, o que significa que houve inteira liberdade do judiciário para decidir sobre aquela questão concreta.
Há, pelo menos nos países de expressão portuguesa, a tendência da judicialização da política…

Mas isso é um processo diferente. Ou seja, quando se fala em judicialização da política, o que se pretende dizer é que, eventualmente, haverá situações em que o judiciário intervém, bloqueando a decisão política ou pronunciando-se sobre matérias que são eminentemente políticas. O princípio que existe é da separação e interdependência dos vários poderes do Estado. A interdependência consente articulações e justifica que haja uma grande harmonia com cada um a agir do seu lado, de acordo com seus critérios e seus métodos. Da mesma forma que o poder político não deve interferir nas decisões judiciais. Essa é uma regra sagrada.
O seu esposo também aparece, aqui em Portugal, em círculos que, agora, associam relações familiares nos membros do Governo do Primeiro-Ministro, António Costa. Em Angola, olhamos para estes casos como nepotismo. Na Europa, não existe nepotismo?

Existe. Só que não existe no meu caso. Esta é uma espécie de história não universal, mas uma espécie da história local da infâmia. Meu marido é professor universitário, catedrático de uma Faculdade de Direito, é especializado em áreas que tem que ver com o Direito Público (Finanças Públicas, Contratação Pública…). Não é um membro do Governo. 
A inclusão do meu marido nos comentários das redes sociais sobre estas ligações familiares no Governo é um engano. As redes sociais nem sempre são um espaço higiénico em que se possa frequentar. O meu marido é dos mais reputados na área em que sempre trabalhou. Não creio que isso tenha que ver com nepotismo. Se a competência dele antes sempre foi reconhecida, mesmo quando era jornalista, sempre teve uma grande actividade política e a nível da advocacia, é um advogado com grande notoriedade pública. Acho que seria um absurdo que deixasse de trabalhar porque a sua mulher é membro do Governo. Acho que esta história de nepotismo é melhor ficar por aqui, porque é uma história absurda e infamante.
Uma provocação, para terminar: Defendeu o aumento dos salários dos juízes aqui em Portugal, segundo os críticos, na perspectiva de que pode também beneficiar deste aumento quando deixar de ser ministra da Justiça?

Já disse que a aproximação da campanha eleitoral aqui em Portugal não eleva a infâmia à virtude nem desgradua o nível de decência e de elegância que devem presidir o debate político. Eu discuto há três anos o estatuto dos magistrados porque tive sempre presente a representação do interesse público. A questão do tecto salarial dos juízes em Portugal tem a seguinte explicação: 
Não vão ganhar mais do que deviam ganhar, de acordo com o respectivo estatuto remuneratório.

terça-feira, 16 de abril de 2019

NORBERTO GARCÍA VAI DEIXAR A VIDA POLÍTICA & VAI SEGUIR A VIDA RELIGIOSA

O ex-director da extinta Unidade Técnica do Investimento Privado (UTIP), Norberto Garcia, absolvido nesta terça-feira, pelo Tribunal Supremo, do caso “Burla Tailandesa”, pondera deixar a vida política e ser pastor
Nas suas primeiras palavras à imprensa, após soltura ao cabo de sete meses de prisão domiciliar por aquilo que chamou de “erro processual”, Norberto Garcia disse que sempre quis ser pastor, mas foi desviado.

Recusou qualquer possibilidade de solicitar uma indemnização ao Estado angolano, porque não quer aproveitar a circunstância de um “erro processual” que se cometeu para tirar vantagem.
“O dinheiro que devia ser para mim, eu quero que se construa um bom mercado, para as zungueiras (vendedoras ambulantes) e evitarmos os casos da Juliana Cafrique, zungueira morta, acidentalmente, em Luanda, em confronto com a Polícia. Se dê mais medicamentos aos hospitais, mais escolas condignas”, disse.

Apesar de afirmar que não guardar rancor de ninguém, lamentou o facto de ser abandonado, nos momentos mais difíceis, pelos colegas do MPLA (partido governante), onde desempenhava o cargo de secretário para Informação.

Por outro lado, recusou que tenha sido convidado para dirigir a Fundação Eduardo dos Santos (FESA).

Advogados falam em justiça feita
O advogado do grupo de tailandeses e da angolana Celeste de Brito, Carlos Salumbongo, disse que tem cinco dias para analisar um possível recurso da decisão da condenação do réu tailandês Raveeroj Ritchoteanan, por sete anos e seis meses de prisão.

Quanto a Celeste de Brito, condenada a dois anos, disse que vai tratar de questões administrativas para ser solta, uma vez que já cumpriu a metade da pena (ficou em prisão preventiva durante um ano e três).

Enquanto isso, o advogado de Norberto Garcia, Evaristo Maneco, enalteceu o trabalho de todos intervenientes no processo (PGR, Juízes e advogados).

Disse ter sido um árduo trabalho desenvolvido por si para provar a inocência do seu constituinte, que o levou a recorrer, na fase de instrução preparatória, pedindo habeas corpus as instâncias superiores dos Tribunais Supremo e Constitucional.

TÔMBWA ESTÁ COM O MPLA

Secretário Geral do Mpla
Os militantes do MPLA no Tômbwa comprovaram, nesta terça-feira, num acto político de massas, no pavilhão multiusos, que as estruturas de base do partido estão coesas e prontas para os grandes desafios do futuro.

Ao constatar a realidade, o Secretário Geral do MPLA, Álvaro de Boa Vida Neto, disse que o partido acredita nos militantes, tendo acrescentado que o glorioso MPLA vai continuar a desenvolver acções que visam a melhoria das condições de vida dos munícipes do Tômbwa.
No acto de massas, o Secretário Geral do MPLA, Álvaro de Boa Vida Neto, sublinhou a construção de algumas infraestruturas erguidas no município. Lembrou o processo de construção da ponte sobre o Rio Curoca e o seu impacto no desenvolvimento do Tômbwa.




O político manifestou-se satisfeito com as melhorias que se registam no fornecimento de água, saneamento básico, educação, energia e vias de acesso.
Quanto ao sector da saúde, o Secretário Geral do MPLA, Alvaro de Boa Vida Neto, exemplificou a erradicação da cólera e o aumento dos serviços prestados pelas unidades sanitárias do município.
" MPLA trabalha e tem muito para fazer para o bem da população", rematou.




Texto- Geraldo Dipanda

Foto- Cesário Mário Avelino

segunda-feira, 15 de abril de 2019

SECTOR DA SAÚDE CONTINUA A REGISTAR MELHORIAS

O sector da Saúde no Tômbwa continua a registar melhorias significativas, consubstanciadas na diversificação dos serviços de saúde, na construção de unidades sanitárias e na implementação de programas de distribuição de medicamentos essenciais.



A Administração Municipal tem em carteira vários projectos que visam a melhoria dos serviços de saúde, por contribuir na qualidade de vida dos munícipes.



Dentre os projectos definidos para este ano destacam-se a construção de um Centro de Saúde no Plató do Mundo Novo, construção de residências para os enfermeiros, construção de um laboratório para o Centro de Saúde da Povoação do Curoca e a ampliação do Posto de Saúde do Pinda para ser elevado a categoria de Centro de Saúde.


Nesta altura está em construção um bloco operatório no Hospital Municipal do Tõmbwa. A infraestrutura estará equipada com tecnologia de ponta e com técnicos especializados para dar resposta a procura.

O Hospital Municipal, que atende por dia em média 180 pacientes, esta equipado com materiais que permitem a prestação dos serviços de cardiologia, oftalmologia, estomatologia e fisioterapia.


A Administração Municipal do Tômbwa dotou os hospitais de medicamentos e material gastável suficientes para melhor servir os utentes nas comunidades.

sexta-feira, 12 de abril de 2019

ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL DO TÔMBWA DESENCORAJA EXPLORAÇÃO INFANTIL

Uma equipa multissectorial composta por quadros da Administração Municipal do Tômbwa, Governos Provinciais do Namibe e da Huíla e da Administração Municipal de Caconda, trabalhou, na terça-feira(09/04/2019), na zona da parceria e na povoação do Curoca, zonas onde há registos de casos de exploração infantil e trabalho ilegal.


    JORNAL TÔMBWA NAMIBE




Os explorados, provenientes da Província da Huíla, em particular do município de Caconda, têm idades compreendidas entre os 12 e os 28 anos e exercem actividadades laborais no processamento de pescado e nas fazendas da povoação do Curoca, sem contrato e em condições de trabalho desumanas.

Na parceria e nas fazendas do Curoca a equipa multissectorial desenvolveu uma campanha de sensibilizão abordando os direitos da criança e a 
Lei Geral do Trabalho.
No final da jornada laboral, a equipa multissectorial definiu como prioridade a localização das familias dos menores para em seguida efectuar a reintegração.
As entidades empregadoras foram aconselhadas a cumprir com a Lei Geral do Trabalho.

sábado, 6 de abril de 2019

SECRETÁRIO MUNICIPAL DA JUVENTUDE DEIXA UM APELO AOS JOVENS DO TÔMBWA

O Secretário Manuel André Bento disse aos presentes durante a palestra organizada pelo Conselho Municipal da Juventude, que o CMJ/T esta presente para “ouvir, debater, perceber o que preocupa os jovens, as questões que os afligem” e as soluções que podem em conjunto trabalhar” e percebeu do “sucesso em temos de participação dos jovens.





O secretário executivo Manuel André Bento frisou que o CMJ/T é um órgão independente, esta preocupado, sobre matérias relacionadas com todas as políticas que envolvam jovens e estudantes do Tômbwa. E o objetivo do CMJ-T é colaborar na definição e efetivação das políticas municipais da juventude, referindo que a juventude é fundamental na resposta de questões importantes.

Acrescentou que é muito bom observar e ouvir, que o município do Tômbwa tem estado connosco e tem apoiado as nossas causas e os nossos projetos.

Manuel André Bento, referiu que a participação de todos os jovens é no mínimo exigível e que “este Conselho tem uma responsabilidade quase que geracional no sentido de ser a voz e a boca dos jovens.

quarta-feira, 3 de abril de 2019

AMOR DE MÃE - NUMBER-ONE


Esta é a música do grupo Number One titulada amor de mãe.


ADMINISTRADOR APELA À BOA RELAÇÃO COM FUNCIONÁRIOS NA EMPRESA PESCLASSE


O Administrador Municipal do Tômbwa, Alexandre Niyúka, apelou, na, aos responsáveis do sector pesqueiro a manterem boas relações com os trabalhadores para maior convivência no local de trabalho.




O Administrador, lançou este apelo durante um encontro que juntou os responsáveis da empresa Pesclasse e funcionários, em função de várias denúncias que têm se registado nos últimos dias sobre os conflitos laborais, entre a entidade empregadora e os empregados.
No encontro, foram encontradas soluções para se ultrapssar as dificuldades que tem causado mau ambiente no seio da empresa.
O responsável exortou à classe empresarial a pautarem pelas boas relações humanas para uma convivência sadia e incremento dos níveis de produção, uma vez que, sublinhou, os trabalhadores são o principal activo de qualquer organização.

ESTUDANTES CARENCIADAS BENEFICIAM DE BOLSAS DE ESTUDO NO TÔMBWA

Um grupo de dezassete estudantes carenciadas do municpio do Tômbwa beneficiam de bolsas de estudo internas, financiadas pelo Banco Angolano de Investimento (BAI).
O montante global deste acordo de financiamento é de quatro mil e quatrocentos dólares americanos(4.400,00 USD).
O contrato tem a duração de dois anose vai permitir que  cada estudante receba mensalmente, 200 USD (duzentos dólares americanos) pagos em kwanzas.
De acordo com o chefe de Repartição da Educação, Egner Paiva, foram seleccionadas aquelas meninas que tiveram uma média aceitável e um bom desempenho académico nos níveis anteriores.
O responsável apelou aos pais e encarregados de educação a fazerem o bom uso dos recursos disponiveis para o successo escolar dos educandos.
Egner Paiva adivertiu os encarregados de educação a participarem do processo de ensino aprendizagem dos filhos acompanhando o seu progresso.


TEXTO: Augusto Hossi

Benefícios da Paz visíveis no sector da Educação




No Município do Tômbwa, o sector da educação registou momentos de transformação.




No período de 1992 à 2000, o sistema de educação e ensino no município limitava-se ao Ensino Geral de base até a 8ª classe, IIº Nível.

Com o alcanse da paz o sector registou melhorias nas condições de ensino.

Actualmente a rede escolar é constituída por 23 escolas, sendo 18 do Ensino Primário, 3 do Ensino Secundário do Iº Ciclo e 2 escolas do IIº Ciclo, levando o ensino próximo das comunidades.

O sistema de ensino no Município Tômbwa é assegurado por 574 professores distribuídos por diversos níveis de ensino.

Para o presente ano lectivo, foram matriculados 15.930 alunos.

O investimento contínuo em infra-estruturas sociais, com maior realce para as instituições de ensino, consta entre as prioridades da Administração Municipal do Tômbwa.

Texto: Cesário Avelino.