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quarta-feira, 24 de abril de 2019

TÔMBWA PODE VOLTAR A SER O MAIOR CENTRO PESQUEIRO DE ANGOLA


Tômbwa já foi o maior centro pesqueiro de Angola, então como Porto Alexandre, no sul do país, com dezenas de indústrias, mas o declínio das últimas décadas no Tômbwa tenta hoje ser, lentamente, revertido.



Com mais de 54.876 habitantes, no município do litoral mais a sul em Angola, na província do Namibe, não há família que não viva da pesca, até porque outras indústrias praticamente não existem.
No tempo colonial português, e então fundado por pescadores oriundos do Algarve, Porto Alexandre, a designação abandonada em 1975 e que sucedeu à secular Angra das Aldeias, foi o principal centro pesqueiro angolano - e um dos maiores em África -, com indústrias que ainda hoje, em ruínas, polvilham ao centro da cidade, junto à baía e aos barcos ancorados no seu interior.

Há pouco menos de um século, de Porto Alexandre partia peixe salgado para vários pontos do continente africano. A guerra civil que se seguiu à independência afundou o setor e muitos pescadores, de origem portuguesa, partiram em 1976, a bordo dos próprios barcos, rumo ao Brasil e a Portugal.

"No passado, até aos anos 80, o município do Tômbwa estava no auge no setor das pescas, depois declinou um bocado", a informanção foi avançada pela, Luzia Benvinda Mateus, administradora municipal adjunta.

 O município nos dias de hoje ganhou muitas empresas que setão em funcionamento, de congelação, processamento de pescado, conservas, salineiras e de produção de farinha e de óleo de peixe.


"Dos 54.000 habitantes, a maior parte das pessoas dedicam-se à pesca. Uma boa parte trabalha nestas indústrias", explica Benvinda Mateus, acrescentando que a maior empresa pesqueira é a Nova Vida, que empregou a mais de 500 pessoas do Tômbwa.


Verónica Sango e Melária Canuela têm ambas 22 anos e são processadoras de peixe há pouco mais de um ano na fábrica da Nova Vida, que por si só também tem três embarcações de pesca industrial.
Dependendo da faina do dia, podem chegar a processar, congelando e distribuindo em caixas, 250 toneladas de peixe, num trabalho que começa às 07:30 e que pode acabar já depois das 17:00.
"Depende muito, porque por vezes o barco traz poucas toneladas. Mas gosto do trabalho que faço e tenho muito orgulho nele", afirma Verónica.

Pelas mãos destas duas mulheres, entre centenas de outras, passa o carapau e a sardinha do Tômbwa que depois segue para todo o país e para o estrangeiro, em caixas de 25 a 45 quilogramas.
"Graças a Deus temos muita clientela, principalmente a sardinha, que é a mais procurada", aponta Melária.

"A maior dificuldade é mesmo quando não temos peixe", remata.
A administração municipal admite que mais podia ser feito relativamente às indústrias pesqueiras que se encontram paralisadas, mas aponta os entraves.

"Temos conservado e notificado os proprietários, para fazerem alguma coisa, mas sem êxito. Até mesmo com parcerias. Mas não estão nem aí, não fazem nem deixam outras pessoas interessadas fazer", lamenta Benvinda Mateus.

Ainda assim adianta que "outros investimentos" e indústrias estão em fase de instalação no município, para ajudar a recuperar a glória pesqueira do passado.

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